Diversificação de renda com produção de flores é tema de Dia de Campo em Campina das Missões

Diversificação de renda com produção de flores é tema de Dia de Campo em Campina das Missões

Agricultores e técnicos de 10 municípios participaram do dia de campo realizado na Linha Níquel, interior de Campina das Missões, na última terça-feira (14/11). A produção de flores com fins comerciais recebeu ênfase na culminância do Projeto Flores para Todos, desenvolvido através de parceria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através da Equipe Phenoglad, e da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). Em Campina das Missões, o projeto também contou com o apoio do Sicredi.

A experiência na propriedade da família de Edemir e Ivone Zenzen foi apresentada como forma de revelar resultados do trabalho do Projeto na produção de gladíolos e statices. Interessados em conhecer mais sobre a experiência, participaram do dia de campo produtores de Campina das Missões, Roque Gonzales, Santo Cristo, Rolador, Ubiretama, Dezesseis de Novembro, São Pedro do Butiá, Sete de Setembro, Santa Rosa e Cerro Largo. Também estiveram presentes lideranças, entre elas, o gerente regional e a gerente adjunta da Emater/RS-Ascar, Valmir Thume e Ivânia Polaczisnki, a vice-prefeita de Rolador, Loiara Ramos, o vice-prefeito de São Pedro do Butiá, Valter Seibert, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Marta Wolkmer, o engenheiro agrônomo da Prefeitura de Campina das Missões Nilson Zimmermann, representantes do Sicredi, a equipe do escritório municipal e representantes da equipe regional da Emater/RS-Ascar e da Phenoglad,

O agricultor Edemir Zenzen relata que a família vive no meio rural desde 1986, período em que buscaram qualificar e aumentar o conhecimento para diversificar a propriedade. “Hoje a gente lida com suinocultura e cultiva grãos, numa parceria com o genro e a filha, e buscamos abrir espaço também para nosso filho para que desenvolva suas atividades na propriedade”, destaca o agricultor, que também tem duas netas, ao lembrar a importância de manter a família unida. “Eu estou muito feliz com os dois filhos em casa, a Ana junto com seu esposo tocando suas atividades, e o Ivan experimentando coisas novas como a agrofloresta e a produção de flores, vamos apoiar ambos nos desafios, tudo com diálogo e persistência”, acrescenta Ivone, a mãe.

Para chegar à ideia da agrofloresta e da produção de flores, Ivan se inspirou na experiência que teve durante o período em que viveu nos Estados Unidos e na Europa, bem como nos conhecimentos ao longo de sua vida acadêmica. A caminhada se aliou à proposição do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar em ingressar no Projeto Flores para Todos, com assessoramento realizado durante o ano pela equipe da Instituição e da UFSM. “É muito gratificante trabalhar com flores, observar seu desenvolvimento dia após dia. Além de ser bela, descobrimos que pode ser uma boa fonte de renda”, comenta Ivone.

A assistente técnica regional da Emater/RS-Ascar Lisete Primaz destacou que o bem-estar no meio rural também passa por um ambiente favorável à sucessão familiar, ao diálogo, ao embelezamento de arredores e à saúde mental.

Na estação conduzida pela Professora Lilian Uhlmann, da UFSM, foram compartilhadas informações sobre o cultivo e manejo de flores, de modo especial gladíolos e statices, que possuem características como rusticidade, fácil cultivo, ciclo curto, rápido retorno financeiro e boa aceitação do mercado consumidor.

O gladíolo, conhecido na região também como palma de Santa Rita, é cultivado a céu aberto e aproveitado na decoração de interiores, de festas e eventos, além de ter sido popularizado em homenagens no Dia de Finados.

O manejo do gladíolo é considerado simples, sendo possível cultivá-lo ao longo de quase todo o ano, caso não haja incidência de geada, contudo, existem alguns cuidados a serem levados em conta. Lilian recomenda que o plantio seja feito em canteiros como forma de facilitar a drenagem. O plantio é realizado em sulcos, com espaçamento de 40 cm entre linhas e 20 cm entre bulbos. “Na adubação de cobertura pode ser utilizado o NPK, numa dose de 500 quilos por hectare, ou seja, para o canteiro de 20m², que é a área necessária para o cultivo dos 200 bulbos que os produtores recebem ao entrar no projeto, é necessário um quilo de adubo”, explica a professora. No caso dos produtores que não quiserem utilizar adubação química, pode ser adotado o adubo orgânico, exemplo do que foi feito na propriedade dos Zenzen, que utilizaram esterco.

Também foram apresentadas orientações para o tutoramento do gladíolo, manejo de praças e doenças, embalagem e conservação no pós-colheita.

Em relação às statices, a recomendação é de transplante de maio a agosto na região Sul, com o florescimento na entrada da primavera. O ponto de colheita e as oportunidades de aproveitamento in natura ou secas foram abordados durante o dia de campo.

Em outra estação foi realizada a demonstração de arranjos e buquês, forma de agregar valor à produção e facilitar a comercialização, além de poder ser aproveitados na decoração de ambientes. As orientações foram conduzidas pelo doutorando da UFSM Charles Patrick de Oliveira de Freitas, que também é produtor de flores.

O evento em Campina das Missões encerrou uma sequência de cinco dias de campo de entrega de resultados da 11° e 12° fases do Projeto Flores para Todos, realizados também nos municípios de Nova Petrópolis, Roque Gonzales, Agudo e Pinhal Grande, com participação de mais de 600 pessoas.  Desde 2018, o Projeto já contemplou 324 famílias rurais, de mais de 155 municípios, e 55 escolas do campo em 17 estados brasileiros e Distrito Federal, com orientações para produção de girassol de corte, gladíolos, statice, dálias de corte e ornithogalum.